Projeto Quebradeiras: autonomia, dignidade e renda para famílias agroextrativistas do Maranhão
O Projeto Quebradeiras, iniciativa da Fundação Vale em parceria com o BNDES, a Wheaton Precious Metals e a Mandu Social, tem beneficiado 477 famílias de mulheres agroextrativistas do coco babaçu, de 16 comunidades em 7 municípios do Vale do Pindaré, no Maranhão. Nasceu do compromisso da Vale de combate à pobreza extrema e está em atividade desde 2023. Integra na sua concepção metodológica três eixos de atuação: fomento ao empreendedorismo (comunitário, em rede ou individual), acompanhamento social e moradia sustentável.


Produtoras participam de feira em Santa Inês – MA
Para atingir este objetivo da retirada de mais de 450 famílias de uma situação de extrema pobreza iniciou-se a construção de um Plano de Fortalecimento Familiar individualizado (nos seus 3 eixos) com cada família, a partir da sua visão de futuro e na sequência o acompanhamento assistido da realização desse plano. Para ampla maioria das famílias está se mostrando a oportunidade de realização de um sonho de empreender o seu próprio negócio e tem se mostrado um caminho muito eficaz de promoção socioeconômica.
Acompanhamento Social
Metodologicamente, o projeto adota a compreensão da pobreza como um fenômeno multidimensional e uma abordagem voltada para o Acompanhamento Familiar Multidimensional. A rotina de atuação se dá no território, no acompanhamento e no encaminhamento de famílias para a rede socioassistencial e adesão aos programas sociais existentes em cada localidade, a partir da situação de vulnerabilidade encontrada. Esse olhar se dá considerando cinco dimensões: educação, renda, saúde, nutrição e infraestrutura. Na prática a equipe realiza visitas domiciliares regulares e desde o início expandiu o número de famílias acompanhadas de 157, em 2023 chegando a 477 em 2025.
No eixo Moradia Sustentável, a proposta é apresentar e promover melhorias simples na infra-estrutura do domicílio que viabilizem uma evolução na qualidade de vida, na qualidade da água, banheiro e infra de saneamento básico, tratamento de águas cinzas e quintal produtivo. Somado a isso rodas de conversas temáticas sensibilizadoras sobre a importância da água que bebemos e higiene básica.
Ainda neste eixo foi trabalhada a Inclusão Digital com oferta de 16 kits multimídia e instalação de internet de uso coletivo em 14 comunidades. Destaque ainda para o treinamento de Inclusão Digital oferecido dentro das comunidades com adesão de mais de 300 famílias.



Resultados quantitativos de infraestrutura: 176 famílias beneficiadas com infra de saneamento (banheiros, pias com tratamento de águas cinzas, fossas biodigestoras) e mais de 311 famílias atendidas com tratamento de água (solução de cloradores coletivos e individuais + filtros de torneira). Lembrando que sistema clorador coletivo beneficia toda a comunidade.
Empreendedorismo e Renda
A identificação de oportunidades e vocações produtivas dos derivados do extrativismo do coco babaçu e além destas, outras trazidas pelas próprias famílias está viabilizando a estruturação de negócios produtivos.
De maneira resumida, processo se dá pela identificação do negócio, a modelagem e construção de um simples Plano de Negócio com o coletivo estabelecido, e a operação assistida que mistura oficinas formativas com atividades práticas, o chamado ‘aprender fazendo’. No período o projeto realizou mais de 60 oficinas do ciclo formativo do empreendedorismo desde seu início, além de cerca de 390 mentorias presenciais ou virtuais.
Hoje, diversas iniciativas produtivas estão nascendo envolvendo os derivados do babaçu (azeite, farinha e torta), hortas coletivas e individuais, casas de farinha, pequenos negócios de fornecimento de lanches, bolos e panificados nas comunidades, artesanato de crochê e biojóias, bem como iniciativas produtivas individualizadas de avicultura, psicultura e quintais produtivos.



Registros de atividades do eixo de empreendedorismo
As iniciativas coletivas envolvem diretamente 119 famílias em 8 comunidades:
- Casa de Farinha em Cajazeiras
- Ampliação de Casa de Farinha em Caçoada
- Quiosque de Lanches em Tirirical
- Ampliação de padaria em Sumaúma
- Construção de tanque de ferrocimento em Morros/MgA
- Reforma da lojinha da Usina de Babaçu + revestimento de depósitos em Vila Diamante
- Casa de lanche em São Miguel
- Infra-estrutura de Horta Coletiva na comunidade de Bórgea
Para além dos números e resultados quantitativos, o engajamento e a permanência das famílias desde o início do projeto demonstram o quanto as iniciativas propostas estão alinhadas com seus sonhos e expectativas. A atuação em múltiplas dimensões (saúde, educação, infraestrutura domiciliar, segurança alimentar e geração de renda) tem se mostrado altamente efetiva. Isso porque é inviável promover geração de renda sem garantir condições mínimas de bem-estar e subsistência
Os resultados de incremento da renda familiar, de forma autônoma e sem dependência de programas de transferência de renda, têm crescido a cada ciclo de monitoramento do projeto. Atualmente, o programa já apoiou aproximadamente 50% das famílias a deixarem a situação de extrema pobreza, segundo os critérios do método Alkire-Foster adotado pela Vale.
A estratégia de saída da extrema pobreza está envolvendo o empoderamento e fortalecimento da autonomia da família e das iniciativas produtivas para protagonizar a manutenção do seu novo estado de vida.
“Eu não fabricava mais artesanato, antes eu vivia deprimida e as atividades do projeto quebradeiras me trouxe um novo ânimo para continuar e hoje fabrico minhas peças e vendo” – Francisca Neta, da comunidade de Piquizeiro.